terça-feira, 5 de julho de 2011

Efim... Desconcerto

9 de Novembro de 2010

Céu nublado. Saímos de Santa Teresa, em direção ao centro. Cruzando a Francisco Sales, um estranho acaso pôs em nosso caminho um velho mural de bar que, apesar de provavelmente ter sido trocado por um moderno "backlight" de lona, ainda registrava os preços atuais. Uma a uma, um a um, letras e números que jamais se obsoleceram, ficaram resgatados em nossos bolsos.

Desconcerto

Chegando à Sapucaí, já podíamos ver ligadas as fontes da Praça da Estação, o Edifício Itatiaia, o Galpão do 104 e as árvores ao longo do eixo que liga a linha de trem à Rodoviária. Escada abaixo, afundamos no solo e passamos por debaixo do último trilho que ainda transporta passageiros entre capitais do país, e assomamos, desta vez, dentro daquele cenário que antes só de cima víamos. Respingos da fonte refrescam a aridez da praça. E seguimos cruzando o rio por onde hoje não circula mais água, mas automóveis.

Na Rui Barbosa e ao longo da Santos Dummont pedimos às pessoas que cantassem uma lembrança. Em praça, em trânsito, entre corte de cabelos e escovas, balas e jabuticabas, espera no ponto, na lida do dia, afinados entre trabalhos e cantorias, ficaram saudades, apertadas nos ônibus.

No pedido, datas e referência ao cotidiano no centro, caminhos, ruas e circulacoes. Momento presente. Memórias.

A chuva engrossou.

***
Desconcerto

Dias e milimetros contados.

Macro e microgambiarras. Tico-tico, correias, madeira, polias e agulhas.


Desconcerto

Os primeiros sinais de som entre arranhoes e o grito Soy loco por ti america.
A Nega do cabelo duro marcou o seu falante. Nega, preta, neguinha...
Trilhas perdidas, ruido, novela. Música de chuveiro. E o Rei a confirmar sua glória.

Desconcerto

Ângulo certo, correr o risco na trajetoria lenta ao centro do disco. Uma agulha falante marca a superfície lisa dos que outrora eram chamados de CDs, constante obsolecencia.

O analógico atual sobre o digital anacronico. Estranha retrogradação.

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