quinta-feira, 28 de abril de 2011
[Cobertura Bogotrax] Fiestas!
(Sticker do projeto "Sin pasado no hay futuro"que es una intervencion en el espacio publico y un workshopdo de Jon Irigoyen)
Seguindo a cobertura do Festival Bogotrax que aconteceu na Colômbia no mês de Fevereiro, vamos falar um pouco sobre as festas. Durante a primeira semana aconteceram os laboratórios e na segunda semana do festival, os eventos festivos. Não participamos de todas então fica aqui a deixa das que estivemos presente. A idéia das festas eram ocupação de espaços públicos, eventos gratuitos e line-up que incluissem convidados internacionais e artistas locais gerando colaborações espontâneas entre as partes.
(fotos por Seppuku)
Cárcer Distrital
Vale dizer que existem algumas ações específicas do festival que nos foram novas e super interessantes como as festas nas cárceres públicas e na principal avenida da cidade que toda sexta feira é fechado o trânsito e acontecem vários eventos culturais. A festa na cárcere tem o intuito de levar a música eletrônica e experimental para os pátios internos dos presídios, gerar diálogo e quebrar barreiras entre a hierarquia interna de separação dos sexos. Além disso é uma oportunidade de levar alguns materiais, livros, músicas e contato para os internos que de outra maneira permancem isolados em seus regimes de detenção. Aproveito para apresentar os 2 Dj's que mais me marcaram em todo o festival. Seppuku (Mexico-EUA) e Kat BPM (Irlanda-UK). Elementos de dubstep, breakbeat, paisagem sonora, ambiências e atmosferas profundas povoaram os pátios cheios e silenciosos, latentes e pulsantes com o som tocado por esses dois. Muito combustível e reflexão para todos os presentes do festival, internos e policiais. Ao final, todos estavam dançando, comparando as tatuagens e os policiais relaxados se divertindo com os presos e os convidados. Algo realmente muito incomum dentro da relação diária da cárcere.
(Kat BPM)
(Rachel, guardas, prisioneiros. não da pra saber quem é mais ou menos marginal por aí! rs)
(Jairo - organizador Bogotrax + Sepukku)
Septimazo
2 tendas com 6 ou 7 djs tocando. O pessoal de Bogotá da cena hip hop mandou super bem improvisando com os djs italianos. O mais forte no entanto foi o tímido franco-vietnamita Antoine a.k.a. Kolektor que explodiu as mais de 1000 pessoas que ocuparam as ruas com seu breakbeat-core rapido, inteligente, quebrado e dançante.
(Kolektor)
Surpresas continuaram a acontecer quando a já conhecida produtora de hardcore eletrônico Lady Zunga representou e apresenteou a força Queer e Trans-gênero com seu set pesado e também explosivo. Levou a galera ao delirio com seus remixes e também, com sua performance e figurino, que no final foi a baixo revelando que o homem que existia por detrás do macacão feminino era muito mais sensível que muita mocinha montada por aí. rs
(Lady Zunga)
Centrocultural-okupa 15-16
Aconteceram as apresentações mais experimentais. Foi aí que entrei em contato com Antonella a.k.a Anna Bolena, fundadora do selo Idroscalo Digitale da Italia. A melhor música industrial que escutei em muuuuuito tempo. Muito profunda, timbrada maravilhosamente. Ela tb nos apresentou ao Fire At Work, Fabrício, profundo conhecedor da cena underground no Brasil. Advinhem quem é seu favorito por aqui? "Vc conhece o Retrigger?" rs Bueno, foi no 15-16 que fiz o set 4propri8 junto com o visuais de Constanza Piña, amiga e parceira com o coletivo Chimbalab do Chile. Nesse dia se apresentou também nosso querido pai do circuit bending Panetone a.k.a Cristiano Rosa.
(4propri8 + Chimbalab)
Boogaloop
é um clube/estúdio/centro cultural cuja dona é uma das organizadoras do Bogotrax, Alix. Por lá aconteceram várias festas além de workshops. Esse é um espaço que tem o tradicional espaço para as festas, palco, etc, porém, no background, tem um puta estúdio de gravação e de aulas de áudio, software e música eletrônica. Então, a galera que toca por aí, tem a oportunidade de mixar e masterizar suas produções, levar as músicas, trocar, inventar suas oficinas e muito mais se passa atrás daquelas portas. rs. As festas começam geralmente as 22, 23 horas, mas, antes disso, as portas abrem as 19horas e o local é tomado por feiras de zines, stencil, discos, etc. Realmente muito diferente das nossas "buates" por aqui.
(Boogaloop)
Ciudad Bolivar
Esse evento é na real organizado pelo pessoal do hip-hop que convida o pessoal da música eletrônica para participar também, geralmente discotecando jungle e drum and bass e as vezes, fazendo as bases para as rimas e as breakdances. O mais impressionante foi o encontro de gerações e a colaboratividade. Tinha break dancers e rappers de 10 anos de idade até 40 e tantos.
Todos ajudaram do inicio ao fim montando desde o cenário, projeções, etc até organizando a comunidade para o rango comunitário que fizemos ao cair da noite e do frio na Ciudad. FOOD NOT DRUGS.
Fiesta del Cierre de Bogotrax
Uau. Essa foi super fuerte. O pedaço da cordilheira dos Andes que é limítrofe a Bogotá tem quase 4000m de altitude. A festa foi uma rave a moda antiga em um terreno-sítio atrás dessa montanha. Na ida já tive um pouco de medo pois não parávamos de subir, subir, subir em meio a escuridão rarefeita. No início da festa o frio era tanto que não conseguíamos sair da lareira onde estavam os equipamentos e o backstage. Eventualmente saimos para ver alguns amigos tocarem como Mike The Tunk (Alemanha) que mandou suuuuuper bem. O cara é beat tester da Native Instruments, então dá pra imaginar a qualidade das produções dele.
(Mike The Tunk)
A festa lotou muito. Caronas, caminhões, onibus, não paravam de chegar. Gratuito, boca a boca, sem divulgação de mapa. Impressionante como táticas de festas subversivas funcionam e deveriamos usar e abusar delas mais que curtir tantos eventos no facebook. Deviam ter + - 1200 pessoas ocupando todos os espaços. Passou tudo muito rápido e somente pela manhã, quando a temperatura melhorou começamos a ter noção do espaço onde estávamos, das barracas, da vista, dos amigos perdidos no labirinto das ruínas onde era a festa.
(Nina pulando o muro para transitar entre as dancefloors)
(bom dia montanhas ancestrais!)
(Cordilheira dos Andes do topo de Bogotá! Como no final de toda festa eletrônica, uma caminhada básica e introspectiva pelas montanhas)
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