domingo, 4 de abril de 2010

Ciclovista De Noite In.Vento e Escuto

Imagem: divulgação Ciclovista

Ciclo.Vista de Noite In.Vento foi um projeto contemplado pela FUNARTE no edital Interações Estéticas - Residências Artísticas em Pontos de Cultura 2009. O projeto foi idealizado por Aruan Mattos e Flavia Regaldo, e realizado junto ao Ponto de Cultura do Arraial da Boa Morte (distrito de Belo Vale, próximo a Belo Horizonte). Ciclo.Vista propõe uma experimentação através da criação e instalação de uma escultura cinética: um projetor de slides artesanal movido pelo vento, na praça central do Arraial da Boa Morte - o In.Vento.

Imagem: divulgação Ciclovista

O projeto procurou levantar um questionamento crítico sobre o desenvolvimento do Arraial, a partir de um projeto artístico que trabalhou questões da imagem, tempo e memória, realizando atividades e oficinas com os moradores locais.

Imagem: resultados da oficina de fotografia do projeto Ciclovista.

O In.Vento foi concebido como símbolo da passagem temporal em foco. A instalação permanente do maquinário permite um jogo de ações e interações com o espaço físico.Foram criados 3 conjuntos de 50 fotografias em slide, com tópicos diferentes, mas permeando sobre o mesmo conceito: o tempo. As fotografias foram realizadas pelos alunos abordando as 3 temáticas: o espaço estrutural e arquitetônico do arraial, os personagens e as suas memórias, e a vivência do cotidiano.

Imagem: resultados da oficina de fotografia do projeto Ciclovista.

Imagem: resultados da oficina de fotografia do projeto Ciclovista.

Na semana final, antes da inauguração do projeto passei por um processo de imersão gravando os diversos sons da natureza local bem como as atividades musicais dos grupos do arraial. Essas incluíam coral e grupo de tambores que pesquisam ritmos afro-mineiros, capoeira e atividades religiosas. No dia da apresentação e inauguração do In.Vento houve uma performance sonora composta pelos sons gravados ao longo da semana e uma instalação com 6 microfones de contato colados a estrutura interna e externa do catavento. Com isso, revelou-se a vida sonora da estrutura movida ao vento em tempo real, resultando em elementos percussivos sujeitos a rotação das palhetas e ranger dos rolamentos que moviam a roda de slides. Alem dos elementos em tempo real do catavento e as paisagens sonoras manipuladas na hora a composição sonora contou com a participação de Vitor Silva que improvisou com um trompete e um metalofone sopros do vale.

Imagem: Ana Bahia

Um pequeno vídeo da finalização da montagem do catavento junto a locação dos microfones de contato:



Depois do evento, foi organizado para a comunidade na igreja local, por ideia dos próprios moradores, uma apresentação de todas as gravações realizadas para o documentário. Fazia uma noite estrelada la fora quando dentro da igreja os cantos dos escravos, das racas, das mandingas, da capoeira angola e dos músicos locais soaram de dentro para fora. A experiencia de poder tocar as minhas peças em um local acusticamente tao interessante foi incrível, bem como a experiencia coletiva de estar em uma comunidade quilombola, ouvindo os cantos dos escravos ecoando em alto e bom som dentro daquele território que por seculos e seculos não permitiu que certas eles participassem dos rituais.

Imagem: Flavia Regaldo

Imagem: Flavia Regaldo

O resultado sonoro tanto da apresentação, quanto das gravações dos grupos musicais e paisagem sonora do arraial podem ser ouvidos no curta/documentário sonoro no player abaixo e está disponível para download.



Imagem:Karoline Melo

Em breve estarão disponiveis tambem para acesso online e download o documentario registrado na ultima semana do projeto juntamente com todas as faixas do CD de registros sonoros. Agradecimento especial para Aruan, Flavia, a comunidade de Boa Morte, o pessoal da APHA de Belo Vale e os amigos que estiveram presentes ajudando nas oficinas, registros, performance, etc.

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