domingo, 11 de abril de 2010

Teia 2010

A partir do trabalho que estou realizando aqui em Fortaleza, fui convidado pelo curador Bene Fonteles a expor meu trabalho na seção sonora da mostra artística da Teia 2010.


Esses meses fiquei aqui trabalhando com músico/luthier-experimental/artesão/grafiteiro aqui de Fortal, o Grud, que constrói instrumentos de aço de sucatas. Daí estou desenvolvendo com ele a parte de captação elétrica dos instrumentos da orquestra que ele está montando, a partir de microfones de contato e a produção e efeitos embutidos em alguns dos instrumentos. Em breve, postarei mais sobre essa orquestra.

Esses sao os instrumentos do Grud para os quais estou desenvolvendo os captadores e efeitos.

Paralelamente como estudo/experimentações produzi diversos efeitos e sintetizadores a partir de projetos encontrados na net e, claro, aprimorados e adaptados. Em breve publicarei os detalhes projetuais na seção Circuitos desse site. Até o fim de Maio pode-se visitar a exposição no Dragão do Mar em Fortaleza, na sala que fica debaixo do planetário, em frente aos cinemas.

A Teia e um evento que reune gente do pais inteiro. Um grande caldeirao cultural. Um espaco para o encontro, dialogo e contatos entre os mais diversos Pontos de Cultura do Brasil. Excetuando alguns porens aqui e ali como falta de sinalizacao e desorganizacao da producao local, o evento transcorreu muito bem.

Fiquei pensativo com relacao ao governo federal e a cultura... Jamais imaginaria ver os velhinhos sabios do interior em hoteis 5 estrelas. Achei muito digno o tratamento com as pessoas que vinham do pais todo. O transporte foi impecavel e a alimentacao muito boa com opcao vegetariana e tudo muito limpo (as vezes ate demais, tinhamos que ficar sempre atentos aos nossos pratos, ou ao ultimo golinho do refrigerante, para que um garcom nao recolhesse logo).
Aliás, o mais interessante ocorria era nos refeitorios e dentro dos onibus, onde ouviamos os sotaques mais variados, mães cantando maravilhosamente bem para seus filhos, além dos dialogos inimaginaveis, como as macumbeiras baianas cantando junto com o mestre (catolico) dos pifanos de Juazeiro (a cidade de padim Ciço)... isso sem nem pensar em discutir qualquer questao... estavam todos ali pela diversidade cultural, e isso bastava para que todos se juntassem em JAMsessions policulturais expontaneas em regozijo...

Enquanto isso na exposicao:
Pra mim foi um desafio. Alem de ser colocado ao lado de tantos nomes incriveis. Acostumado a performaces, jamais pensei em ver meus instrumentos expostos como obras de arte. Inda mais sem que as pessoas pudessem interagir.


Mas como seria impossivel (ou doloroso) deixar as coisas largadas ao leo por 3 meses, aceitei deixar o que eu ja tinha feito na vitrine mas decidi desenvolver pelo menos 2 objetos que fossem interativos, afinal uma exposicao de som precisava ter som!!!

Dai desenvolvi sintetizadores de ondas dente-de-serra que pudessem ser tocados pelo publico. O da esquerda de fato ficou tao bom que vai se tornar um instrumento que levarei comigo. Um sinth de 8 parametros (4 vozes, que funcionam como tremolos entre si, e seus respectivos volumes, o que gera uma infinidade de som). Em breve postarei mais sobre ele na secao Circuit Bending e postarei, logico a miriade sonora que essa caixinha produz.
Como nao teria disponivel um aplificador ou caixas de som, acabei tendo que fabricar meus proprios. O ampli e um lm386 ligado a uma caixa de 8ohm. Como precisava de uma caixa para protecao e o nome da exposicao era TRADICAO ATRITO RUPTURA resolvi deixar a geringonca toda dentro de uma cabaca. Para meu encanto a cabaca serviu como uma perfeita caixa de ressonancia, amplificou e engordou o som de maneira incrivel!

O da esquerda eh o mesmo sinth, mas com 3 vozes apenas, com o amplificador e caixa ja embutidos. A diferenca dele mais interessante eh que no lugar dos potenciomentros, eu deixei entradas nas quais poderia plugar diversos tipos de controladores diferentes, alem dos potenciometros, celulas foto-eletricas (LDR) e essas plaquinhas de cobre para contato direto que achei na promocao no dia anterior `a abertura. Decidi nao deixar o LDR, uma vez que soaria o tempo todo e isso importunaria, no lugar decidi deixar apenas as placas, que se tocadas, duas a duas, geram o som (como fizemos anteriormente no Rexistence Gate, no festival de performance so que ao inves do portao, deixei apenas as placas).

Para essa exposicao o Grud desenvolveu seu trabalho que era a criacao de instrumentos publicos. Sao 5 ao todo, mas mostrarei apenas os quais eu participei mais ativamente da fabricacao. Nesse acima, atraves do calculo das proporcoes e a teoria das cordas de pitagoras, ajudei-o a encontrar as medidas exatas para que os canos soassem exatamente uma oitava na escala cromatica.
E claro, esse abaixo, um sintetizador de poste:

um detalhe do falante, que passamos um verniz pra evitar que a chuva destruisse o papelao,

e o detalhe do pedal, usamos uma chave de geladeira que pusemos para que o sint so tocasse enquanto tivesse alguem premendo, para economizar a bateria e nao fritar os transeuntes.

Esse trabalho com os sinths de 40106 esta fazendo parte da minha pesquisa de, a partir de nucleos simples, como desenvolver diferentes interfaces. Dai a variedade de formas de tocar os mesmo instrumento.

Foi muito boa a experiencia, principalmente em relacao `a construcao de instrumentos interativos. Uma coisa eu aprendi... por mais robusto que vc faca algo, sempre havera uma pessoa mais tosca do que vc imagina.

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