segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Acordando em 2011_parte 02_reflexões sobre a musica independente de bh


(muro colaborativo grafitado pelo coletivo Azucrina na Av.Contorno BH) atividade em andamento!

Ainda com a série de posts faltantes em 2010, acredito que faltou uma reflexão acerca das netlabels que conhecemos durante a viagem ao Sudamerica Experimental no Chile! Aqui vai uma parte dessa reflexão. Tem muuuuita gente bacana fazendo trabalho no formato netlabel, quero postar aqui uma lista nos próximos dias. Uma coisa que foi percebida é que essas netlabels realmente fazem muitos lançamentos, com muitos colaboradores e, principalmente, muitas festas e eventos.

Me pergunto sobre as grandes diferenças do que esta acontecendo por aqui com o Azucrina Records. O foco de Belo Horizonte parece ser bandas independentes e música eletrônica não autoral. Com isso, as bandas independentes focam na estrutura de show e turnês com outros coletivos de musica independente, e, os djs, em discotecar porém sem produzir músicas e live sets próprios. Acho que não existem muitas pessoas interessadas no formato low-fi colaborativo proposto pelo Azucrina Records. Os maiores interessados eram as bandas, quando realizávamos enventos de rua abertos ao público, mas, ainda estamos buscando o nosso espaço uma vez que a idéia do selo não é produzir bandas, não temos equipamentos nem equipe suficiente para produzir shows e festas constantemente. A idéia também não é essa. As bandas cadas vez mais ao crescer colocam intermediários entre sua música, seu público, suas gravações, seus contatos e negócios. A idéia do Azucrina Records é encontrar maneiras de cada vez mais elevar a qualidade sonora do artista de maneira independente, ou seja, aquele artista que produz seus proprios instrumentos, programa seus softwares, masteriza suas músicas. Dar capacitação e oportunidade para os que estão trabalhando assim, de maneira que nos sincronizemos com nossos próprios padrões e não somente com os padrões da indústria fonográfica, dos estúdios europeus e dos equipamentos gringos. Isso não é uma crítica as bandas, que seguem o curso natural das coisas. Isso é uma pergunta: melhor e maior é mais interessante? Mais profissional é mais maduro? Mais dinheiro para produzir é maior qualidade? Não sei se é só conosco mas ficamos muito emocionados com o número de pessoas da cena independente se mobilizando, por outro lado, perdemos muito facilmente o tesão com a música quando a distância entre a inspiração artística e o público inspirado e com potencial se torna tão grande que o que antes era um ritual colaborativo e compartilhado por todos se torna um evento social de entretenimento fácil.

A música eletrônica por aqui ainda não tem produzido muitos entusiastas do live set, e, as poucas pessoas que o fazem, já estão suuuuper bem encaminhadas com seus projetos, sendo desnecessário ou desinteressante se associar com netlabels creative commons. Os clubes ultimamente então, são uma prova viva do entretenimento caro e com área de fumantes determinada. Grande apoio dos consumidores, porém, pouca autoralidade e exigência do público. Quanto a música experimental de garagem, de computador, de poucas mãos, de muitos ruídos e de poucos 4 x 4, esta ainda continua com um público e, principalmente, o apoio, restritos.

Ainda é necessário refletir sobre possíveis caminhos para o Azucrina Records enquanto idéia física em Belo Horizonte, e, seus caminhos virtuais enquanto plataforma na rede. A idéia para 2011 é se aproximar mais de outros selos e grupos da américa latina e tentar organizar uma rede mais eficaz para esta troca. Em Belo Horizonte, creio que continuaremos focando no evento bimestral Intersessões para manter firme a única data fixa de música experimental na cidade, e, focar em oficinas, capacitação, difusão do tema. Gostaríamos de fazer mais parcerias este ano para enriquecer a discussão, e, ampliar a cena de música experimental e eletrônica faça você mesmo.

Agora seja independente, eletrônicos, cenas, coletivos, dono de clube ou de bar, advogado ou anarquista, músico de partitura ou de ouvido, convenhamos que, a praia da estação e suas, participatividades são a MELHOR coisa que já aconteceu nessa cidade! Salve a praia e o espírito que toma conta da galera naquele espaço! Viva o carnaval que se aproxima em Belo Horizonte e espero que a junção dessas duas coisas renove novamente a cena e as misturas musicais belo horizontinas em 2011, justamente como aconteceu no ano passado!

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