segunda-feira, 30 de novembro de 2009

The Dirty Projectors



Ontem aqui no Rio, em pleno domingo de gritaria com o flamengo vencendo o campeonato brasileiro contra o Corinthians, me surpreendi com a musica pop. Convidada para ir a um show de uma banda indie do brooklyn, NY, fui somente pela alegria de ver um showzinho em um teatro meio abandonado (reformado) na Lapa. Os Dirty Projector fizeram bonito no Goiânia Noise antes de vir para o Rio então criou-se uma expectativa transviada, ja que as musicas no myspace deles não são, digamos, muito bem escolhidas. Acreditei na performance ao vivo, que, as vezes, realmente faz a banda.

Muito simpática, a banda sobe ao palco já causando impacto forte (sem a menor intensão). A formação tem 3 meninas e 3 meninos. Cada um de uma altura, com uma cara, com um estilo, parecendo todos meio primos de 2 grau. Na primeira musica ja caiu meu queixo e talvez minha guarda. O guitarrista principal Dave Longstreth se mostra um louco atonal com formacao erudita e carinha de namorado inofensivo; sua companheira ao lado tocando ao mesmo tempo um sintetizador, uma guitarra e fazendo duo vocal com as outras duas meninas chocam com a harmonia das vozes. A menina com carinha de boa moça e sapatilha nao engana quando observamos um copo de whisky ao lado do sintetizador e umas tatuagens no antebraço dedilhando e caminhando no braço da fender telecaster como se não houvessem trastes e limites. Em uníssono e dissonância fazem uma harmonia estranhíssima (ainda que absurdamente feliz) com as microfonias das guitarras.

Realmente fiquei impressionada em notar como a musica Pop (rock) se perdeu no limbo dos clichês. Os Dirty Projector simplesmente tem um som completamente pop e feliz sem utilizar dessas formulas vencidas. A maioria dos tempos fortes e viradas não eram no "1", nenhum instrumento tocava as mesmas coisas, cada um ocupava seu próprio lugar no campo harmônico e de frequências, as musicas não eram 4 x 4, os vocais eram mais preocupados em soar como buzinas e pássaros do que como cancões com letras. Ou seja, utilizavam formas eruditas (que soavam as vzs ate medievais) mas com uma energia e expressividade pops, sem frescuras e colarinhos apertados. Todos os músicos tocavam todos os instrumentos e se revezavam, totalmente imersos na própria musica e interpretando cada acorde. Para arrematar o show, fizeram 3 versões de musicas do black flag, estas levaram os desavisados a perder toda a guarda e noções do que ainda pode ser feito no pop rock.



Em um cantinho, no segundo andar, duas caras conhecidas porem escondidas sorriam de uma orelha ate a outra, completamente perturbados pela aquela sonoridade experimental popular que outrora existiu no brasil nos anos 70. Sabe quem eram essas duas caras? Caetano Veloso e Arto Lindsay, com seus cabelos grisalhos, igual dus crianças com olhinhos vidrados naqueles jovens atrevidamente felizes no palco.

link para o disco

Dirty Projectors official label

Um comentário:

Manuel Andrade disse...

Que incrível!
ótimo post!
como queria poder estar por aí descobrindo as entranhas do mundo pop undergound carioca...

coisas veias